quinta-feira, 9 de abril de 2009

que sociedade queremos??


Que mundo estamos a construir para passar às próximas gerações e será que o mesmo é passível de ser recordado com admiração e respeito???


Tenho muitas dúvidas.

Parece-me que estamos no final duma era, numa era de desregulação, não só da economia mas também dos valores, preocupa-me que sobre o que poderei dizer a meus netos no ocaso de minha vida, como irei classificar este nosso mundo sem alma ou sentido.

Recordo com saudade os livros e ensinamentos de minha infância, onde não tinha a panóplia tecnológica que hoje nos absorve, aproxima de mundos distantes (leia-se outros povos, países e continentes) mas que inevitavelmente nos deixa reféns dos meios tecnológicos e nos afasta de todos os que nos rodeiam, temos e estabelecemos amizade com pessoas distantes que muitas vezes nunca iremos conhecer, mas não temos oportunidade de conhecer aquelas pessoas que encontrávamos na mercearia, na padeiria , a quem dizíamos bom dia e tratávamos pelo nome.

Que aprendemos hoje e com quem?

Ganhamos dinheiro, perdemos tempo para a família, para os amigos, não vemos ver os filhos crescer e admiramo-nos que estes não se revejam em nós, ou sequer não tenham os nossos valores e princípios.

Sou filho dum homem para quem a sua palavra era lei, coscuvilhice coisa de quem não tinha tacto ou trambelho, convicções - forma de carácter, ambição - projecto de família, dedicação - a tudo o que se faz, ao trabalho, à família e aos amigos, que assumia com frantalidade o que fazia de bom ou de mau, que não era homem de criar casos ou meter veneno, que ouvia os amigos sem necessidade de repetir desabafos ou pensamentos..

É este o mundo que me norteou, um mundo que não existe mais, que cresceu, floresceu e que vai terminar quando o último daquela geração de gente simples proveniente do mundo rural já cá não estiver.

Que temos nós hoje para dar a nossos filhos?

Que o trabalho não compensa, mas um emprego de chefia sim, que a palavra vale enquanto nos interessar, que a coscuvilhice desde que nós dê alguma vantagem é boa, que as confidencias dos amigos são armas de arremeço contra os mesmos, que a ambição é enriquecer depressa ainda que por caminhos tortuosos e o amigo é aquele que nos é útil num dado momento..

Que pessimista dirão alguns?

Recordo uma celebre frase de Albert Einstein "O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer" e nesta hora digo e afirmo, tenho a minha profissão consolidada, sou professor, tenho o privilégio de trabalhar com os mais jovens, com o nosso futuro enquanto sociedade.

Vivi e dei aulas na cidade e no campo, no sul, no norte, nos Açores e na Madeira, conheço o meu país, digo mais eu amo o meu país, jurei a nossa bandeira, sinto na mesma e no nosso hino a herança dum povo de bravos e valentes homens e mulheres.

Um povo dum país pequeno e amargurado, que tem vergonha da sua história grandiosa, que por vezes não dignifica os seus heróis, mas enaltece pseudo estrelas conduzindo-as ao Olimpo, uma comunidade em que o saber é preterido em relação ao muito nacional xico-espertismo.

Pois eu digo que admiro a força da palavra de Egas Moniz, a coragem de Martim Moniz, a audácia de Afonso Henriques, a visão do Infante Dom Henrique e de Dom João II, o Humanismo de Aristides de Sousa Mendes, a convicção de Salgueiro Maia que fez a revolução e entregou o poder ao povo sem querer honrarias ou mais proveitos e o heroísmo daqueles que caírem em combate pela nobre bandeira. Com a mesma força com que abomino traidores como o conde andeiro ou aqueles que traíram a pátria aquando da loucura subsequente à abrilada que traiu a pátria e abandonou todos aqueles que nascidos sob a nossa bandeira, lutando pela nossa pátria ficaram abandonados à mercê dos amigos facinoras do poder facinora que se instalou em Portugal, com a mesma força abomino e desprezo aqueles que nos últimos 25 anos roubaram o povo e enriqueceram feito marajás com os dinheiros da União Europeia enquanto estavam como administradores da coisa pública.

Não acredito em Profissão Político - acredito em cidadãos de bem, com profissões tão diversas como professores, advogados, médicos, funcionários diversos, agricultores, etc, etc.. que durante um determinado período de tempo se predispõem a servir a a sua pátria com o seu empenho e saber..


Joaquim Sousa um homem ao serviço da sua pátria e da sua comunidade

1 comentário:

Tita disse...

És um Homem!
Eu gosto muito de ti!!

Dando uma resposta a uma das muitas perguntas que fazes:

"Fala-se tanto da necessidade de deixar um planeta melhor para os nossos filhos, que nos esquecemos da urgência de deixar filhos melhores para o nosso planeta."

Entre muitas coisas...

Beijinhos doces!