quarta-feira, 18 de junho de 2008

Algumas palavras no primeiro número da Georam

Câmara de Lobos
Tema da 2ª edição


Discurso de apresentação da Revista Georam


Exmo. Senhor Presidente do Governo Regional
Exmos. Senhores Secretários Regionais
Exmos. Senhores Directores Regionais
Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Municipal da Ponta do Sol
Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal da Ponta do Sol
Exma. Senhora Presidente da Assembleia-geral da Associação Insular de Geografia
Exmos. Senhores convidados
Excelências
Caros Colegas
Minhas Senhoras e meus Senhores

Cabe-me enquanto director da revista Georam, apresentar hoje aqui perante vós este projecto, um projecto que alguns transvertidos em velhos do Restelo dos tempos modernos, diziam ser impossível de concretizar. Mas como cada dia é um dia, o nosso dia sempre chegou e o que não era mais do que uma necessidade sentida transformou-se em realidade.
E é no início da época octunal, com os seus cheiros peculiares, com o cair das primeiras folhas – e permitam-me recordar o poeta – … Antes que venha o Inverno e disperse ao vento essas folhas de poesia que por aí caíram, vamos escolher uma ou outra que valha a pena conservar … e vale a pena preservar estas folhas, pois representam a dinâmica, o empreendorismo, a capacidade de juntar sinergias, o acreditar num sonho de uma equipa.
A revista GEORam, pretende afirmar-se no âmbito da Geografia como uma publicação de referência, onde poderão ser publicados artigos e documentos que contribuam para o desenvolvimento da ciência, bem como os princípios orientadores da Associação Insular de Geografia.
Um primeiro número é sempre especial. E neste pretendemos incentivar o debate europeu numa altura em que a construção europeia se encontra numa aparente encruzilhada. Pensamos e sentimos hoje que esta revista pode ser uma referência da Geografia em particular e da Sociedade em geral, podendo contribuir para divulgação de estudos e igualmente para a discussão social inerente à produção do conhecimento.
Este foi o nosso propósito, somos Geógrafos e a geografia é por excelência a ciência do harmonioso desenvolvimento sócio-intelectual e da consciencialização para a importância dum desenvolvimento sustentável cada vez mais importante para a própria subsistência da Humanidade, já dizia o grande mestre Orlando Ribeiro “a geografia é por excelência a disciplina do conhecimento integrado, pois engloba o conhecimento das ciências exactas e das ciências humanas” – a Geografia é e deve ser uma área fundamental na formação do cidadão.
Jorge Gaspar afirma “A constituição de uma Associação de Geografia na Região Autónoma da Madeira é um acontecimento relevante para a vida científica e pedagógica da região e um marco na História da Geografia portuguesa”.
A unidade dos Geógrafos sejam de investigação ou ensino é um dos nossos desideratos, não podemos continuar à deriva, está chegada a hora de definir um rumo e procurar o norte, pois partilhamos os mesmos objectivos – a promoção e a defesa do papel do Geógrafo e da Geografia na sociedade.
Não consigo aceitar o fatalismo da história, que nos quer condenar a uma posição periférica no ramo do conhecimento, relegando-nos para o papel de ciência auxiliar de coisa alguma.
Temos pois que nos assumir como a ciência do espaço geográfico, da Europa, da geopolítica, do multiculturalismo, do ambiente, do desenvolvimento sustentável, do planeamento e ordenamento do território, da população e do povoamento, da sociedade e das suas movimentações. Assim como temos de assumir o nosso compromisso ético-deontológico com a formação das novas gerações na área do conhecimento Geográfico.
Esperamos que a GEORam seja doravante um canal útil e actuante de comunicação e de conhecimento entre os geógrafos e a sociedade, pois só assim cumpriremos os pressupostos com que nos comprometemos.
E antes de passar a palavra aos meus colegas Marco Melo e Marco Teles para poderem apresentar-nos este primeiro número, encerro a minha intervenção recordando um clássico do cinema 2001-odisseia no espaço – em que um nosso antepassado Australopitecus Afarensis lança ao ar um osso, logo depois de o ter usado – como ferramenta de morte.
Nos breves segundos em que o fémur rodopia no espaço, o realizador Stanley Kubrick transporta-nos do Pleistoceno até à era das viagens interplanetárias. Perdoem-me o exagero por conta da necessidade de avivar as cores no quadro que pinto.
Mas no ambiente moderno e sublime destes espaços de cultura, que temos um pouco por toda a região, símbolo primeiro deste novo Portugal, que transporta um passado glorioso, pelo qual somos respeitados e conhecidos em todo o mundo, e com o qual nos encontramos sempre que acreditamos em nós mesmos, tal qual no filme urge sair do mais ou menos em que estamos, para os novos desafios que devemos agarrar com ambas as mãos.
Na Madeira temos uma longa tradição enquanto construtores do futuro e para mim enquanto director desta revista a construção do futuro é uma tradição que me agrada manter – Ainda que sem a violência do filme.
Mas conscientes que o mundo se movimenta a uma velocidade alucinante, deixa-mos aqui o nosso compromisso perante todos vós que nos manteremos nos trilhos da inovação, isto enquanto tivermos asas para o nosso sonho.

Joaquim José Sousa

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